
Iniciais BB - Brigitte Bardot
Eu adoro a BB, de verdade.
Mas há anos ela é muito impopular; nem tanto pelos filmes (mas ainda a subestimam como atriz), mas pelas suas controversas opiniões sobre imigrantes na França, homossexuais e todo o reacionarismo político de que ela é sempre acusada, além de seu alegado fanatismo na defesa da causa animal.
Não que isso seja de todo mentira (ou de todo verdade), mas este livro de memórias é uma péssima propaganda.
Para começar, ela não escreve bem. Paragrafação aleatória, uso excessivo de pontos de exclamação (!), enxurrada de advérbios e adjetivos — frases como "foi comovente, extraordinário, único e inesquecível" acabam cansando a leitura, criando uma certa confusão.

Falando em páginas, é realmente difícil acompanhar quase SEISCENTAS páginas (com um livro grande de tamanho, ou seja, virtualmente umas mil páginas "reais"!) com tanta crítica, tanto negativismo, tanta intransigência, carência, raiva, tristeza. Com o pretexto de ser intensa, ela se revela simplesmente desagradável! Parece que reclama por qualquer coisa, zanga-se por nada, quer se matar por picuinhas e leva tudo de maneira extrema. Quando não parece simplesmente fútil, mimada, ridícula.
O livro é bem desinteressante. Ela só comenta trivialidades, seus amigos próximos, suas desilusões amorosas, sua extrema e por vezes bizarra carência. Tem um estilo repetitivo, como nas inúmeras vezes que cita um acontecimento ou fato e declara: "desde essa época, eu...", "por isso, a partir de então eu nunca mais..."...

Descobri, no meio da leitura (que me tomou mais de um mês!), que essa é na verdade a PRIMEIRA parte de suas memórias, concluídas depois com um segundo volume. Não sabia disso, e creio que não saiu a tal conclusão no Brasil. Mas acho que não gostaria de ler, de qualquer modo. Iniciais BB cobre todo o período que me interessa na vida dela, do nascimento até sua precoce aposentadoria, aos trinta e oito anos.
Enfim, livro decepcionante. Melhor mesmo ver os filmes — e não todos, já que essa falta de alegria em submeter-se a atuação é visível em muitos dos medíocres ou ruins trabalhos que ela aceitou fazer "por osmose"...
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Esqueci de falar de um dos grandes temas do livro: a celebridade. O pavor da Brigitte pelos fotógrafos, jornalistas e repórteres invasores de sua privacidade, e os artifícios, tramoias e guerrilhas praticadas contra sua intimidade. Uma das histórias mais inacreditáveis ela conta no fim do livro: foi visitar uma amiga no hospital, com óculos escuros e xale (para despistar a imprensa, que a seguia sempre em todos os lugares, sem trégua), e no dia seguinte saiu no jornal uma notícia de que ela foi incógnita naquele hospital fazer uma intervenção estética no rosto. Ela ficou fula, se não desmentisse isso nunca a deixariam em paz com essa história, então acionou seu advogado e conseguiu o seguinte acordo: uma comissão de médicos e os advogados dela e do paparazzo verificariam numa cerimônia marcada se ela foi paciente de plástica, analisando, defronte um juiz, suas pálpebras, bochechas, costas das orelhas etc.
A vida absurda sem liberdade é uma coisa tocante, e a histeria mundial sobre ela não difere do que se apresenta com as celebridades de hoje.
P.S.: Fiz por essa época, com informações do livro, um Musas Eternas dedicado à Briggite.
E como um bônus, para lembrarmos de como ela já foi encantadora de verdade, este clipe.
4 comentários:
Não sabia dessas coisas, estou passada.
Quando penso na BB lembro de "O Desprezo" e sua bunda.
Já dizia Tom Zé:
"A Brigitte Bardot está ficando velha,
envelheceu antes dos nossos sonhos.
Coitada da Brigitte Bardot,
que era uma moça bonita,
mas ela mesma não podia ser um sonho
para nunca envelhecer.
A Brigitte Bardot está se desmanchando
e os nossos sonhos querem pedir divórcio.
Pelo mundo inteiro
têm milhões e milhões de sonhos
que querem também pedir divórcio
e a Brigitte Bardot agora
está ficando triste e sozinha.
Será que algum rapaz de vinte anos
vai telefonar
na hora exata em que ela estiver
com vontade de se suicidar?"
"Quando penso na BB lembro de "O Desprezo" e sua bunda."
Minha bunda?? rs
Essa canção é bem bacana, já vi o Tons É cantando ao vivo.
Agora você sabe por que ninguém a aguentava muito tempo. Essa mulher era uma mala! Uma mala de parar o trânsito, mas uma mala assim mesmo...
Ela disfarça bem nos trabalhos da juventude, mas pelo visto sempre foi consideravelmente insuportável mesmo.
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