terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Grandes ilustradores: Ziraldo

É muito difícil falar do Ziraldo.

Todo mundo o conhece, mas sua obra é incrivelmente vasta e variada. Dos poucos desenhos expostos aqui, pode-se ter uma ideia dessa versatilidade: ilustrações de livros (seus ou de outros escritores), cartuns, cartazes e pôsteres (para cinema, eventos e até campanhas de conscientização/educativas), capas... Não há alguma mídia gráfica por que Ziraldo não tenha passado.

Em comum, seu traço extremamente característico. Seja uma chamada da Sessão da Tarde ou um desenho feito na hora (esse Maluquinho ele fez para mim, em segundos), o estilo ziraldiano é inconfundível. Os rostos, bocas, mãos, balões de diálogo, a caligrafia e seus experimentalismos, nenhum outro artista do Brasil ou do mundo tem arte parecida. E isso a serviço de uma expressão artística incansável, há décadas e décadas produzindo bom humor, lirismo literário, quadrinhos, charges, mil coisas.


Ainda que suas opiniões sobre assuntos gerais sejam por vezes controversas (seus comentários sobre o racismo, machismo, Pasquim e ditadura militar etc.), como artista ele é virtualmente incriticável. Extrema beleza, graça e desenvoltura, em trabalhos tão diferentes quanto os desenhos para uma nova edição do lindo Chapeuzinho Amarelo, de Chico Buarque, seus quadrinhos (desenhados por ele e/ou equipe) como Pererê e Menino Maluquinho, suas brincadeiras eróticas para a Playboy... Ziraldo, esse mineiro cujo nome, como disseram, é em si um excelente pseudônimo, é ilustrador tão especial que até sua assinatura, conhecidíssima, passa por caprichado desenho.


Em seus recentemente completados 80 anos, Ziraldo permanece um dos orgulhos da arte gráfica brasileira. Autor de inúmeros livros premiadíssimos, como O Menino Maluquinho, Uma professora muito maluquinha e Flicts, seus feitos gozam de perene popularidade: as edições vendem bem, Ziraldo não para de dar entrevistas (como a daqui de baixo), não para nunca de trabalhar e de receber as demonstrações de afeto, estima e carinho do público, seus fãs e críticos. Coletâneas de suas obras são constantemente lançadas ou reeditadas, livros, sites e blogs não economizam espaço e elogios para elencar sua coleção de memoráveis peças, patrimônio cultural de grande valor para quem preza desenho e ilustração. Ou, mais amplamente, para quem acredita que é possível transformar uma folha em branco em vida.

5 comentários:

Anônimo disse...

eu estou fazendo um livro da escola sobre ziraldo e gostaria de pedir uma poesia para colocar no trabalho por favor faz uma pra mim

Anônimo disse...

Me assombro quando alguém diz que não gosta do "traço" do Ziraldo. Acredito que ele seja o maior artista gráfico do Planeta. O octogenário manda(ou) bem em tudo: quadrinhos, cartuns, publicidade, cartazes! Além de seu traço, destaco seu trabalho com cores. Nem com tanto recurso digital por aí vejo conseguirem colorizações como o Ziraldo já conseguiu com lápis de cor e tintas diversas (ex.: ecoline, acrílica). Isso que vc escreveu resume tudo: "como artista ele é virtualmente incriticável". É um cartunista perfeito, também, no conjunto "ideia x traço".

Anônimo disse...

Ah, e aí? Fez a poesia que o "anônimo" acima pediu?

ai ai ai

Filipe Chamy disse...

Tenho muitas críticas ao Ziraldo "comentador político", por exemplo, mas no traço e realização artística o cara é bom demais mesmo!

Bem lembrado, as cores! Ele é muito bom nisso, e segue experimentando. Não à toa, uma de suas principais obras é a história de uma cor marginalizada e sua relação com outros tons e matizes...

E será que aceitaram o trabalho sem poesia ou a pessoa fez uma sem a minha ajuda? rs

Anônimo disse...

Bem lembrado sobre Flicts. Gosto de entrevista com Ziraldo quando ele fala sobre o trabalho ou acerca de bobagens diversas, como as velhas sacanagens da época de vida boêmia. Mas, quanto ao restante das conversas, dispenso. Só quero mesmo sua arte. Aliás, vendo trechos de seu antigo programa de entrevistas... que merda!