Continuando com meus resgates, eis o que escrevi sobre Notre-Dame de Paris
no dia 15 de fevereiro. Há poucos minutos escaneei a capa do livro que
postarei aqui, nunca a encontrei na internet. Essa capa me impressionou
muito desde criança, por sua atmosfera sombria e trágica, a resignação
da jovem sacrificada e a imobilidade grave das pessoas que a observam,
julgam e acusam. Uma ilustração de tremenda força, que deixou uma viva
marca na minha memória durante mais da metade da minha vida.
Notre-Dame de Paris - Victor Hugo
Pendência antiquíssima, já que desde garoto eu fiquei apaixonado pelo
longa animado da Disney e queria muito ler o livro. Cheguei inclusive a
comprar, lá por 96, o traduzido integral (aqui em casa tem o integral em
francês, que foi o que li agora); mas a dificuldade do livro me
assustava bastante, e só agora resolvi vencer essa tarefa.
De
fato, livro dificílimo. Em termos de vocabulário, sem dúvida alguma o
livro mais difícil que li em francês. Além disso, é extremamente
extenso: centenas e centenas de páginas, com letra minúscula, descrição
minuciosa etc.
E o Hugo "não ajuda": há capítulos incrivelmente
longos sobre arquitetura, procedimentos burocráticos da legislação da
realeza, além de um latinório sem fim (e sem tradução). Nesses pontos, é
uma leitura BASTANTE cansativa, algo desanimadora. Sem contar as
"armadilhas" pelo meio do caminho: as cem primeiras páginas, por
exemplo, são protagonizadas por Pierre Gringoire, dando a impressão de
que era o protagonista do livro; no restante do romance, entretanto,
Gringoire mal aparece, relegado a uma "coadjuvância" bastante peculiar
(todavia, importante).
Mas no mais é uma beleza de romance! Eu
adorei conhecer como são "de verdade" personagens que sempre povoaram
minha cabeça. E eles são muito complexos e diferentes do que eu estava
habituado: a Esmeralda é ingênua, um tanto fútil; Phoebus é um
conquistador inconsequente e sem escrúpulos; Quasímodo é introspectivo e
violento, forte, perturbado.
E chegamos ao grande personagem do
relato: Claude Frollo, o arcediago (no filme da Disney ele é uma espécie
de juiz eclesiástico). Desde já um dos personagens mais incríveis com
que me deparei na literatura. O capítulo em que se declara à adolescente
é de chorar de tão bem escrito e intenso. Um homem de psicologia
fascinante, e Hugo descreve sua cabeça e seus sentimentos e ações com
TANTO brilhantismo que para mim é como se ele fosse o herói da história.
Uma saga de amores impossíveis, obsessão e desencontros. Belíssimo livro.
2 comentários:
Esse post lembrou minha infância. O livro que mais li nessa época foi o Corcunda de Notre-Dame (talvez empatado com "o mistério da fábrica de livros").
Adorava o livro, não só pelos desenhos, mas pelas imagens que tinham na lateral. Ao pressiona-las emitiam sons referentes aos personagens. Achava o máximo, pena que acabou a bateria.
Esse livro deve ter vendido bem, pois eu também o tinha!
Era incrível, eu era apaixonado pelo filme da Disney nessa época. Passei um tempo esquecendo dele, hoje estou de novo adorando aquela beleza.
Esse livro eu tentarei recomprá-lo, como tenho planos de fazer com todos os livros que eram importantes pra mim na infância e de que me desfiz.
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