sábado, 14 de setembro de 2013

Grandes ilustradores: John R. Neill

Após o estrondoso sucesso de The wonderful wizard of Oz, Frank Baum decide ceder ao apelo de seu público (e de seu bolso) e dar continuidade à série sobre as aventuras envolvendo a terra e os personagens de Oz. O segundo livro, The marvelous land of Oz, sai quatro anos após seu antecessor — fazendo dessa continuação a mais "demorada" da coleção: quase todos os livros saem apenas um ano após o anterior.

Pelos prefácios das obras, é fácil entender por que Baum criou essa certa resistência: assim como Conan Doyle e tantos outros autores de personagens muito marcantes, Baum resistia a ter seu nome associado a apenas uma criação. São divertidos (e enternecedores, de certo modo) seus sutis pedidos aos leitores: queria escrever outras obras, sair um pouco do universo de Oz. Não conseguiu, mas fez o possível para condensar várias ideias e personagens diferentes ao longo da saga, tentando (e conseguindo) definir um mundo "ilimitadamente limitado": as fronteiras de Oz são infinitas, as possibilidades de aventuras e acontecimentos e pessoas diferentes são infinitas, a imaginação é infinita.

No segundo livro, Dorothy não aparece. É a maneira de Baum começar sua brincadeira. Uma continuação sem a protagonista original! Em seu lugar, conhecemos outras personagens (e revemos outras tantas), sendo-nos apresentada ao fim do relato a princesa Ozma, governante de Oz, que irá aparecer doravante em todos os livros. Baum gosta de introduzir muitas personagens novas e fazer as antigas aparecerem em relatos, lembranças ou mesmo pessoalmente.

Após seu desentendimento com Denslow, artista responsável pelo ápice da iconicidade gráfica do mundo de Oz, Baum entra em acordo com John R. Neill, ilustrador prolífico de jornais e revistas, que entra em Oz para não mais sair: são dele os desenhos de todos os livros de Baum sobre Oz, exceto o primeiro (feito por Denslow), e mesmo após a morte de Baum ele continuou a ilustrar os livros seguintes — os dezenove de Ruth Plumly Thompson, admiradora de Baum, e três de sua própria autoria! Total entrega, interrompida apenas com sua morte, em 1943.

Neill sai da sombra de Denslow e remodela Oz. Sua Dorothy, por exemplo, é bem diferente: a de Denslow é uma menininha gorducha e baixinha, aparentando ter uns seis anos; Neill "espicha" Dorothy e a torna mais mocinha, feminina, vaidosa, crescida, por volta de uns dez anos (apesar de o texto de Baum fazer constantes referências a ela como uma little girl). Ozma é também uma jovem bonita e talvez próxima da idade dos leitores que acompanharam as aventuras de Oz desde o começo, na virada do século XIX para o XX (em alguns livros da coleção é proposta a discussão metafísica da idade de Ozma, que aparentemente não envelhece).


Com a profusão de personagens e ambientes criados por Baum, Neill pôde exercitar sua arte em muitos desafios bem sucedidos: crianças, fadas, monstros, castelos, animais, criaturas encantadas de todo tipo, cores irreais, não houve o que ele não fizesse. Experimentava com nanquim, aquarela, várias formas de pintura e concepção visual. Seu trabalho é de um esplendor incrível, e é uma pena que não tenha o reconhecimento do de Denslow, por estar associado a obras hoje menos difundidas de Baum — e enquanto The wonderful wizard of Oz ganha sempre inúmeras edições, as obras seguintes da série costumam vir amontoadas em edições simples, sem as ilustrações e portadas originais, o que é lastimável. Ao menos é possível localizar na rede a maior parte (se não todas) das magníficas ilustrações de Neill (não só as de Oz), das quais a pequena quantidade reunida aqui é pálida amostragem.

Um comentário:

Anônimo disse...

as Ilustrações de Neil são belissimas! era u Gẽnio mesmo!gostei de conhecer o Blog! tenham sucesso e vida Longa pra voçẽs!! Marcos Punch.