sábado, 13 de outubro de 2012

Notre-Dame de Paris

Continuando com meus resgates, eis o que escrevi sobre Notre-Dame de Paris no dia 15 de fevereiro. Há poucos minutos escaneei a capa do livro que postarei aqui, nunca a encontrei na internet. Essa capa me impressionou muito desde criança, por sua atmosfera sombria e trágica, a resignação da jovem sacrificada e a imobilidade grave das pessoas que a observam, julgam e acusam. Uma ilustração de tremenda força, que deixou uma viva marca na minha memória durante mais da metade da minha vida.

Notre-Dame de Paris - Victor Hugo 
 
Pendência antiquíssima, já que desde garoto eu fiquei apaixonado pelo longa animado da Disney e queria muito ler o livro. Cheguei inclusive a comprar, lá por 96, o traduzido integral (aqui em casa tem o integral em francês, que foi o que li agora); mas a dificuldade do livro me assustava bastante, e só agora resolvi vencer essa tarefa.

De fato, livro dificílimo. Em termos de vocabulário, sem dúvida alguma o livro mais difícil que li em francês. Além disso, é extremamente extenso: centenas e centenas de páginas, com letra minúscula, descrição minuciosa etc.

E o Hugo "não ajuda": há capítulos incrivelmente longos sobre arquitetura, procedimentos burocráticos da legislação da realeza, além de um latinório sem fim (e sem tradução). Nesses pontos, é uma leitura BASTANTE cansativa, algo desanimadora. Sem contar as "armadilhas" pelo meio do caminho: as cem primeiras páginas, por exemplo, são protagonizadas por Pierre Gringoire, dando a impressão de que era o protagonista do livro; no restante do romance, entretanto, Gringoire mal aparece, relegado a uma "coadjuvância" bastante peculiar (todavia, importante).

Mas no mais é uma beleza de romance! Eu adorei conhecer como são "de verdade" personagens que sempre povoaram minha cabeça. E eles são muito complexos e diferentes do que eu estava habituado: a Esmeralda é ingênua, um tanto fútil; Phoebus é um conquistador inconsequente e sem escrúpulos; Quasímodo é introspectivo e violento, forte, perturbado.

E chegamos ao grande personagem do relato: Claude Frollo, o arcediago (no filme da Disney ele é uma espécie de juiz eclesiástico). Desde já um dos personagens mais incríveis com que me deparei na literatura. O capítulo em que se declara à adolescente é de chorar de tão bem escrito e intenso. Um homem de psicologia fascinante, e Hugo descreve sua cabeça e seus sentimentos e ações com TANTO brilhantismo que para mim é como se ele fosse o herói da história.

Uma saga de amores impossíveis, obsessão e desencontros. Belíssimo livro.

2 comentários:

Vanessa disse...

Esse post lembrou minha infância. O livro que mais li nessa época foi o Corcunda de Notre-Dame (talvez empatado com "o mistério da fábrica de livros").

Adorava o livro, não só pelos desenhos, mas pelas imagens que tinham na lateral. Ao pressiona-las emitiam sons referentes aos personagens. Achava o máximo, pena que acabou a bateria.

Filipe Chamy disse...

Esse livro deve ter vendido bem, pois eu também o tinha!

Era incrível, eu era apaixonado pelo filme da Disney nessa época. Passei um tempo esquecendo dele, hoje estou de novo adorando aquela beleza.

Esse livro eu tentarei recomprá-lo, como tenho planos de fazer com todos os livros que eram importantes pra mim na infância e de que me desfiz.