domingo, 21 de outubro de 2012

Vidas secas

Prosseguindo com os resgates de escritos meus, algumas breves impressões sobre o maravilhoso romance/novela Vidas secas logo após eu tê-lo lido, escritas em 17 de abril deste ano:

Vidas secas - Graciliano Ramos

Um petardo.

Primeiro que é gostosíssimo de ler. Admirei-me de o discurso indireto ser tão próximo de Erico Verissimo (ou vice-versa), muito simples e incisivo psicologicamente, quando esperava encontrar quase um tratado sociológico e político sobre as secas e os retirantes, a situação crítica do sertão e das famílias sertanejas.

É uma história totalmente humana, de grande carga emocional, figuras perfeitamente profundas e tocantes. Difícil não se solidarizar com a nobreza das personagens.

Mas o capítulo mais doloroso é aquele dedicado a Baleia. Não sei se por ela ser humanizada, mas a descrição de seu ocaso é tão maravilhosamente construída e tão incrivelmente dramática que me causou quase mal estar ao ler, é muito, muito, muito triste. Como seus sentimentos são abordados, como ela entende sua nova "condição", como as pessoas envolvidas no caso reagem.

O resto do romance é surpreendentemente esperançoso, apesar da melancolia a cada nova provação do destino, a cada nova desgraça advinda de uma condição social um pouco irreversível. Mas seguimos torcendo e acreditando que no futuro aquelas gentes conseguirão um pouco de dignidade, pois são fortes e demonstram grande força de espírito para sobreviver e vencer, apesar de o sistema em que estão inseridas ser plenamente contra seu progresso e evolução.


Obs.: Escaneei a capa da edição que possuo, não a encontrei na internet (pelo menos não com uma qualidade satisfatória). Não é a capa mais bonita que esse livro já possuiu em sua longa trajetória editorial, mas espero com isso contribuir minimamente para os esforços de homenagem aos 120 anos de Graciliano Ramos, completados daqui a seis dias.

2 comentários:

Vanessa disse...

Ah, Baleia! Como me fez sofrer!

Filipe Chamy disse...

Acho que se chama "Baleia" por fazer o leitor chorar MARES... rs